Ao se introduzir a teoria da
evolução por seleção natural, esta foi vista como sendo uma alternativa à
teoria criacionista, o que a tornou especialmente atraente culturalmente, por
supostamente eliminar a necessidade de intervenção externa no surgimento de
sistemas vivos, favorecendo o pensamento filosófico humanista da época. Com sua
aceitação massiva, a proposição de qualquer teoria criacionista foi logo
rejeitada como sendo "anticientífica" por propor que a vida foi
resultado de uma intervenção externa no universo. O presente estudo propõe uma
análise da teoria evolutiva sob as óticas mecanicista (evolucionismo
passivista) e intervencionista (criacionismo evolucionário), a fim de avaliar a
plausibilidade de cada visão.
O criacionismo, teoria que diz que a
vida surgiu de uma intervenção no universo, é hoje tido por muitos como
pertencente ao campo da fé ou dos mitos. Existem várias teorias criacionistas,
sendo algumas delas inclusive corroboradas pelo conceito de evolução das
espécies, evidenciado no trabalho de Charles Darwin. Neste estudo,
consideraremos o Criacionismo evolucionário, para comparação com a teoria
darwiniana. Seja a segunda lei da termodinâmica, que diz que, em um sistema
fechado, o nível de entropia, ou desordem, nunca se reduz. Por este princípio,
um sistema evolutivo, auto-adaptável, não se forma a partir do nada, uma vez
que este contrariaria a tendência de equilíbrio energético inerente a todo
sistema não forçado. Sendo todo sistema vivo uma máquina, este é capaz de
transformar calor em trabalho. Isto tem como consequência o crescimento da
entropia total do sistema. Com o tempo, haveria total equilíbrio termodinâmico
e qualquer processo maquínico não forçado cessaria.
Tomemos agora a hipótese de os
sistemas vivos terem funcionado como sistemas forçados, ativos, ao menos no seu
início. Em um sistema forçado (não fechado, recebendo energia de fora), o nível
de entropia se reduz, permitindo que moléculas mais simples dêem origem a
moléculas mais complexas, tais como aminoácidos e proteínas. Ainda assim, se
tomarmos em consideração que este seria um processo estocástico,
probabilístico, para que estas moléculas assumissem uma organização autossustentável
e autorreplicante, doravante conceituada como vida, a probabilidade seria muito
reduzida, pois tomaria a forma
Além disto, o conceito
de vida existente na Terra é um subconjunto dos eventos em que as moléculas
formam vida, abrangendo apenas os casos em que a vida é evolutiva, o que reduz
ainda mais a probabilidade de surgimento espontâneo da vida, mesmo ao se
considerar a inserção de energia de uma fonte externa ao sistema.
Com base nas evidências acima, é
possível inferir duas soluções possíveis para a existência da vida evolutiva: a) Há infinitos universos e todos os eventos
possíveis estão englobados neste conjunto; ou b) A inserção de energia no
sistema do universo não somente existiu, como favoreceu alguns dos eventos
possíveis em detrimento de outros, mudando sua função densidade de
probabilidade. No primeiro caso há o problema de se ter que extrapolar um número
infinito de conjuntos similares ao único verificável, sem o que, a hipótese se
invalida. No segundo caso, há a questão da existência de uma fonte de energia
que englobe o universo conhecido como um subconjunto. na maioria dos sistemas
da natureza, a explicação mais simples é a que descreve com maior precisão o
evento analisado. Partindo-se deste parâmetro, a hipótese b) é a mais simples,
por exigir apenas um número finito de extrapolações para se tornar válida, o
que torna a hipótese criacionista a mais provável do ponto de vista físico. Até
o momento, é impossível se confirmar ou refutar completamente esta hipótese no
"estado da arte" do conhecimento científico. Contudo, tanto os
princípios termodinâmicos, quanto evidências presentes na teoria da evolução de
Darwin e o uso de ferramentas estatísticas corroboram com a hipótese da criação
ativa e lógica dos sistemas vivos. Caso haja novas evidências relevantes,
estudos posteriores as compararão com os resultados obtidos.
Referências
Halliday, David; Resnick, Robert; Krane, Kenneth S.. Física
(volumes 1,2, 3 e 4). Rio de Janeiro: LTD Livros Técnicos e Científicos
Editora, 1996.
Darwin, Charles. A
Origem das Espécies. John
Murray. Londres, 1859.
M. Kac & J. Logan, in Fluctuation Phenomena,
eds. E.W. Montroll & J.L. Lebowitz, North-Holland, Amsterdam, 1976
E. Nelson, Quantum Fluctuations, Princeton
University Press, Princeton, 1985
Science, evolution and creationism. Disponível
em https://humanism.org.uk/campaigns/schools-and-education/school-curriculum/science-evolution-and-creationism/. acesso em 17/01/2014.
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